Pesquisa nacional mostra que apenas dois trechos de rodovias da região são considerados bons

Tatiane Paumann

Pesquisa nacional mostra que apenas dois trechos de rodovias da região são considerados bons
Fotos: Nathália Schneider (Diário)

Uma pesquisa nacional divulgada em novembro apontou as piores e melhores rodovias federais e estaduais em todo o país. Na região, dos 11 trechos analisados, três foram considerados “ruins” e seis “regulares”. Já os “bons” foram apenas dois, sendo eles: RSC-287, entre Santa Maria e Paraíso do Sul, e a BR-392, entre Santa Maria e o trevo para a BR-290. Apenas a ERS-241 (entre São Vicente do Sul e o trevo para Cacequi, na ERS-640) foi classificada como “péssima”.

Neste levantamento, são analisados pavimento, sinalização e geometria da via, como também a existência de pontos críticos. Tais características levam em conta, respectivamente, variáveis como condições da superfície, placas e faixas de sinalização e defensas, além de elementos da rodovia, como curvas, acostamentos, pontes e viadutos. O levantamento é realizado anual mente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), o Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e mostrou que o estado geral da malha rodoviária brasileira piorou em 2022.

RODOVIAS de Diário de Santa Maria

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Entenda a classificação e os métodos de avaliação

A Pesquisa CNT de Rodovias é realizada a partir de uma metodologia própria, desenvolvida para avaliar as três principais características da malha rodoviária pavimentada: pavimento, sinalização e geometria da via. Esses aspectos são analisados segundo os níveis de conservação e segurança percebidos pelo usuário ao trafegar na via. O resultado da avaliação é divulgado de forma qualitativa, categorizado por meio do Modelo CNT de Classificação de Rodovias como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. O método de coleta adotado pela pesquisa baseia–se em normas nacionais e internacionais de relevância.

A inspeção é feita pelo pesquisador no deslocamento ao longo das rodovias, em um veículo. Os dados são coletados e registrados em um tablet, em aplicativo desenvolvido pela equipe técnica da CNT especificamente para este fim.

A malha rodoviária a ser pesquisada é segmentada em rotas e trechos. Cada trecho é um segmento de rodovia separado de outro por uma mudança de jurisdição (federal ou estadual) e/ou gestão (pública ou concedida), pelo cruzamento com outra rodovia pesquisada e/ou pelo limite entre UFs

Na avaliação de cada trecho de rodovia é feita a inspeção visual das características em segmentos com extensão equivalente a uma unidade de coleta (UC). A UC é um segmento rodoviário, previamente definido e georreferenciado, com extensão modular;

As variáveis são avaliadas em campo, pelo pesquisador, a cada UC, segundo a sua presença ou predominância – conforme detalhado à frente –, e, posteriormente, tais avaliações são agrupadas em escritório, segundo os mesmos critérios, a cada 10quilômetros, em unidades de pesquisa (UP).

Os avaliadores são treinados para realizar inspeção de maneira contínua e, assim, identificar em cada UC a condição predominante das variáveis de pavimento, sinalização e geometria da via e registrar cada uma das ocorrências para as variáveis avaliadas quanto à sua presença.

A coleta de dados ocorre apenas quando há luz natural e boas condições de visibilidade. Dessa forma, em situações adversas, como chuva ou neblina, a análise é suspensa até que as circunstâncias ideais de pesquisa sejam restabelecidas.

Os pontos críticos encontrados ao longo das rodovias são avaliados segundo o seu tipo e a condição da sua sinalização, sendo feitos ainda os registros fotográfico e de localização por meio de georreferenciamento.

Durante 30 dias, 22 equipes percorreram as cinco regiões do Brasil levantando os resultados da pesquisa deste ano. Sobre a ERS-241, considerada a pior da região na pesquisa, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informou que realiza serviços de recuperação desde o início do ano e que a rodovia não condiz mais com o que foi apresentado no levantamento da CNT.

Na quinta-feira, em contato com a reportagem do Diário, Rosangela Serra, operadora de caixa de um restaurante próximo ao local, informou que o trecho de cerca de 10 km foi reformado durante as últimas semanas, recebendo uma nova camada de asfalto e tendo os buracos, que eram os maiores problemas, tapados.

— Está bem melhor — resumiu Rosangela, em comparação, por exemplo, com 15 dias atrás, quando a reportagem do Diário esteve na estrada e constatou uma série de problemas no asfalto e na sinalização, que ainda não havia sido colocada até a última quinta-feira.

A dona de casa Luiza Helena Sturza, 42 anos, utiliza a rodovia para visitar a mãe.— Várias pessoas reclamam do estado (da rodovia), havendo momentos que motoristas precisam parar no acostamento devido à má qualidade do asfalto — disse Luiza à reportagem.Emerson Picolo, 46 anos, empresário que é o dono de um posto de combustíveis, conta que clientes reclamavam seguido do trecho e que, por inúmeras vezes, tiveram que parar ali para trocar pneus estourados, rodas quebradas, entre outros problemas. Por esse motivo, hoje o estabelecimento tem contato de borracheiros, caso seja necessário auxiliar algum cliente.

Antonio Augusto Miranda Rodrigues, 45 anos, motorista de caminhão, trafega pela ERS-241 uma vez por semana. Ele já teve pneus estourados durante a madrugada por causa das condições da via, e comenta ainda que, há muito tempo, a estrada é ruim. Conforme o motorista, quando é feito algum tipo de manutenção, não chega a ser suficiente para resolver o problema dos buracos.

O empresário Antonio Leal, 60 anos, também trafega com frequência pelo local:— O trecho está áspero, “judia” dos carros e caminhões, sendo muito difícil de transitar.Ele comentou ainda que, na chegada de Rosário do Sul, a estrada também apresenta problemas — segundo os dados da pesquisa CNT 2022, esse trecho da ERS-640 (entre Cacequi e Rosário do Sul) teve o estado geral considerado “ruim”. Inclusive, cerca de 20 km da ERS-640, entre a ERS-241 e o trevo de Cacequi, também recebeu asfalto novo recentemente.

Resposta do DAER

Segundo o Daer, em nota, as condições de trafegabilidade estarão renovadas em todo o segmento da ERS-241 ainda neste ano:

O estado da ERS-241, atualmente, não corresponde mais ao apresentado na época da pesquisa. Essa rodovia está incluída no Plano de Obras 2021-2022 do governo do Estado, que prevê aporte de cerca de R$ 7 milhões em serviços de recuperação. Desde o primeiro semestre deste ano, estão em andamento os serviços na rodovia, sendo que 42 km estão com pavimento concluído e sinalizado. Nos demais quilômetros, especialmente no trevo de São Vicente do Sul, trecho com 9 km, o principal problema está concentrado em 6 km do segmento, que contam com desníveis. Os serviços nesses pontos começaram este mês (novembro) e devem ser finalizados na primeira quinzena de dezembro, dependendo das condições climáticas.”

As duas melhores

Dentre os 11 trechos avaliados na pesquisa CNT, dois deles se destacam com a classificação geral “boa”. A BR-392, entre Santa Maria e o trevo para a BR-290, e a concessionada RSC-287, entre Santa Maria e Paraíso do Sul, local que hoje já conta com praças de pedágio, administradas pela Rota Santa Maria, do grupo espanhol Sacyr.

A pesquisa CNT

A Pesquisa CNT de Rodovias avalia toda a malha pavimentada das rodovias federais e os principais trechos estaduais. Em 2022, foram analisados 110.333 km no Brasil. No Estado, foram percorridos 8.786 km, que representam 8% do total pesquisado no país. Segundo os dados obtidos, 66% dos quilômetros foram classificados como “regular”, “ruim” ou “péssimo”. No ano passado, esse percentual era de 62%.

A partir da pesquisa, dados importantes são apresentados. Atualmente, para recuperar as rodovias no Rio Grande do Sul, com ações emergenciais, de restauração e de reconstrução, seria necessário um investimento de R$ 6,43 bilhões. Outro exemplo, que afeta o bolso dos motoristas, é o consumo desnecessário de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento da malha rodoviária no Estado, que pode chegar a R$ 397,36 milhões por ano. Foram encontrados 31 pontos críticos.

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